Parece que esse assunto não se esgota e sempre rende um próximo relato no LinkedIn, mas a verdade é que um choque intergeracional como esse não acontecia há muito tempo e balançou muitos pilares da sociedade, especialmente o mercado de trabalho.
Impaciência, questionamentos constantes, dificuldade de adaptação a hierarquias rígidas e uma busca imediata por propósito são algumas das críticas mais frequentes dirigidas aos jovens profissionais dessa geração. No entanto, é preciso reconhecer que a geração Z foi a primeira a ser tecnologicamente letrada antes mesmo de assimilar plenamente as convenções morais e sociais tradicionais.
Enquanto gerações anteriores aprendiam a se comportar em sociedade antes de dominar o computador e celular, os Z já navegavam em um mundo digital em constante e acelerada transformação, o que inevitavelmente moldou sua forma de pensar, agir e se relacionar com o trabalho.
Mas essa transição não precisa ser sentida como um baque entre as gerações atuais e as que ainda estão por vir. A educação formal, tão essencial na formação de indivíduos críticos e preparados, também tem um papel fundamental na preparação para o que vem depois (normalmente, o mercado de trabalho). Um ensino mais conectado com a prática, que oriente os jovens sobre as reais aplicações do conhecimento no âmbito profissional, ajudaria a reduzir o abismo entre expectativas e realidade.
Pois, de que adianta dominar ferramentas digitais se muitos ainda saem do ensino médio sem clareza sobre como transformar seus potenciais em carreiras sustentáveis?
A questão que se coloca, então, não é apenas "por que essa geração é tão criticada?", mas também "como empresas, escolas e a própria sociedade podem transformar esse conflito em colaboração?".
A geração Z traz consigo habilidades valiosas: são ágeis na resolução de problemas, questionam estruturas obsoletas e valorizam a diversidade e a transparência. Se as lideranças insistirem em enxergar apenas os "defeitos", perderão a oportunidade de inovar.
O caminho talvez esteja em flexibilizar modelos ultrapassados, abrir espaço para diálogos horizontais e, principalmente, em uma educação que prepare para a vida profissional.